domingo, 12 de fevereiro de 2012

Questão 71 (UFRGS/2012)


Resposta: B

Esta questão trata das alterações sofridas pelo ciclo hidrológico por conta da urbanização.

Sabemos que o processo de urbanização na maioria dos países do mundo, ao retirar a cobertura vegetal e impermeabilizar o solo acaba por impedir o caminho natural das águas da chuva. Com mais concreto e asfalto, as águas da chuva ao invés de infiltrarem mais no solo e assim repor o nível do lençol freático, são obrigadas a escoar para as partes mais baixas das cidades. Assim, as águas das ruas e avenidas asfaltadas irão juntar-se com as águas de outras ruas e avenidas asfaltadas aumentando assim o volume de água que desce terreno abaixo em cada segundo (a chamada vazão). Neste caso, se o sistema de coleta de água de chuva das galerias pluviais subterrâneas não for eficiente, a água pode acumular e gerar enchentes.

Assim, a afirmação I está errada na medida em que o nível do lençol freático, ao invés de se manter estável, diminui. E a afirmação II está correta. Com menos vegetação e mais asfalto, a velocidade das águas bem como o seu escoamento é maior.






A evapotranspiração, citada na terceira afirmação, é um conceito fundamental na compreensão do ciclo hidrológico. Diz respeito a toda água que evapora na superfície terrestre (dos corpos d’água como rios, lagos, lagoas, lagunas, mares; do solo; contida na superfície das plantas; etc) somada a toda água transpirada pelas plantas.

Então, se em uma área urbana temos:
a.    Menos vegetação em comparação a uma área não urbanizada;
b.   Um maior ingresso de água nas galerias pluviais subterrâneas;

Logicamente que a transpiração será menor por haver menos vegetação e a evaporação também será menor já que a água, ao invés de ficar na superfície, sendo diretamente assediada pelos raios solares, ela estará em alguma galeria pluvial protegida da ação direta dos raios solares. Logo ela irá evaporar menos.  Então a afirmação III é falsa.


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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Questão 70 (UFRGS/2012)


Resposta: E

Esta questão trata de algumas das características do processo de urbanização brasileiro bem como determinadas conceituações gerais de urbanização como terceirização, região metropolitana e conurbação.

A resposta correta é a última. Uma cidade terciária é aquela que possui a sua economia fundamentalmente baseada no chamado setor terciário da economia, o setor de comércio e serviços.

Alternativa A: errada.
As RM’s de São Paulo e Rio de Janeiro têm o seu destino espacial cada vez mais atrelado. São muito fortes a conurbação e os fluxos existentes entre estas duas RM’s se dá pela BR-116, consagrada naquele trecho como Via Dutra. De acordo com alguns teóricos esta seria a megalópole brasileira (e não regional) que de acordo com determinados estudos pode ser formada por mais de 200 municípios dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais e totalizando mais de 40 milhões de habitantes. Digo pode porque não existe suporte legal para a criação de uma megalópole. Ela é simplesmente um conceito utilizado por estudiosos. Suas características e dimensões irão depender dos critérios utilizados.




Alternativa B: errada.
Esta questão, além de testas os conhecimentos da urbanização nordestina e sua vocação econômica, também busca verificar se o aluno está por dentro da rede urbana brasileira.

Uma rede urbana é nada mais do que um conjunto de cidades (os nós da rede) e as suas influências mútuas (possibilitada pela infraestrutura material como os portos, aeroportos e estradas de rodagem e de ferro; bem como a infraestrutura imaterial através de infovias). Como no espaço capitalista existe sempre a concentração, algumas cidades possuem maior poder de influência nestas redes. Dai a existência de uma hierarquização da rede urbana. É quando surgem os conceitos de metrópoles, centros regionais, etc.

De acordo com o IBGE a hierarquia urbana da rede brasileira é a seguinte:

· Grande metrópole nacional: São Paulo (também chamada por muito de metrópole ou cidade global por manter uma intensa relação com outras cidades globais mundo afora).
·     Metrópoles nacionais: Rio de Janeiro e Brasília. Junto com São Paulo elas exercem influência sobre todo o território nacional. Nenhuma capital nordestina é considerada metrópole nacional.
· Metrópoles (também chamadas de metrópoles regionais): Manaus, Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba, Goiânia e Porto Alegre. Apenas Fortaleza, Recife e Salvador figuram neste nível.
·       Então, existem 12 metrópoles que, de acordo com o IBGE comandam cada uma as suas redes urbanas. Em níveis menores dentro destas redes temos, em ordem de importância decrescente, capitais regionais, centros sub-regionais, centros de zona e centros locais.






Alternativa C: errada.
Verticalização refere-se ao processo de construção de prédios elevados nas cidades, o que acaba por gerar uma elevadíssima densidade demográfica em determinadas áreas das cidades e tende a criar problemas como o congestionamento das vias. Trata-se de um processo que deriva da intensa urbanização que, por sua vez, é derivada da concentração capitalista do espaço geográfico.






Alternativa D: errada.
Uma Região Metropolitana é uma região geográfica que nasce ao redor de uma grande cidade (em termos populacionais principalmente) que polariza o comando econômico até mesmo de regiões maiores que a própria RM: é dotada das sedes das principais empresas, lá estão os melhores hospitais, escolares, serviços, produtos culturais, etc. As cidades limítrofes e próximas que possuem uma intensa inter-relação com esta cidade polo compõem esta RM onde existem elevadas densidades demográficas. Entre elas, graças a uma rede de transportes forte ou razoável (linhas de trens, ônibus, barcas, etc), existem importantes fluxos constantes (de pessoas em processos migratórios pendulares, de mercadorias, de serviços) criando uma rede de relações mais intensas do que o normal caracterizando assim uma Região Metropolitana.




Na história da urbanização (fenômeno surgido juntamente com surgimento das sociedades mais complexas), a metropolização é muito recente. Ela surge na medida em que o capitalismo adquire maturidade com as revoluções industriais. Já vimos isso: o capitalismo tende sempre a concentrar e a metrópole é uma destas formas de concentração. No Brasil este fenômeno nascerá também com o amadurecimento do capitalismo brasileiro, isto é, na segunda metade do século XX quando ocorre o forte arranque industrial.

A formação de uma RM cria uma série de interesses comuns aos seus municípios constituintes fazendo com que, por exemplo, surjam órgãos de planejamento em comum. A Metroplan, na RM de Porto Alegre, é um exemplo. Foi esta RM a primeira a ser instituída no Brasil em 1968. A RM se São Paulo é a maior do Brasil e atualmente é a 5° maior do mundo com cerca de 20 milhões de habitantes.

Atualmente, pela Constituição Federal de 1988:

Art. 25, § 3o: “Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum” (BRASIL, 1988).

Então cabe às unidades da federação (os estado no caso brasileiro) criar as regiões do tipo região metropolitana, aglomeração urbana e microrregiões sem, no entanto, fornecer a caracterização destes tipos. Sendo assim, cada estado usa o critério que mais lhe convém para criar alguma RM. Resultado: hoje existem no Brasil mais de 30 RM's instituídas, muitas das quais sem atender a quesitos mínimos do que seria um consenso técnico/acadêmico sobre o que seria de fato uma RM.

A conurbação é a união física (fusão) das malhas urbanas de municípios vizinhos de forma que seja difícil distinguir o limite entre as cidades. Uma metrópole pode não ter todos os seus municípios conurbados, embora seja razoável entender que a conurbação seja, no mínimo, uma tendência, isto é, que se considerarmos um longo prazo ela irá acontecer.





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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Questão 69 (UFRGS/2012)


Resposta: D

Esta questão trata dos conhecimentos que o aluno possui sobre a evolução demográfica brasileira.

Sendo assim, a afirmação I é falsa, pois a população idosa não irá diminuir, ao contrário. Logo, a afirmação II é verdadeira. Por fim, a afirmação III está correta. Basta comparar os gráficos e veremos que de 1980 até 2050 a população com mais 80 anos teve que crescer mais vezes que aquela entre 50-54 anos.

Mas, para resolvermos esta questão devemos ter em mente que o Brasil é um país que está, de forma acelerada, concluindo a sua transição demográfica. Mas o que é transição demográfica? É um modelo que caracteriza por meio de 2 fases a evolução do crescimento populacional de um território (geralmente um país). Mas este modelo pode não abarcar todas as realidade existentes. Este modelo visa sobretudo dar conta de uma tipo de evolução demográfica daqueles países de experiência capitalista ocidental.

As populações ao redor do globo partem de um desenvolvimento ainda primitivo. A maior parte da população está organizada no campo e as condições materiais ainda são exíguas e isso se reflete em taxas de natalidade e de mortalidade elevadas. Resultado: um crescimento populacional baixo. A primeira fase da transição demográfica é aquela que altera onde existe uma elevação do crescimento populacional por conta de uma melhoria das condições de vida, fruto ou do processo de industrialização do país, que reduz as taxas de mortalidade. Aumenta o saneamento básico, são mais atuantes as políticas públicas de contenção e prevenção de doenças infectocontagiosas, etc. Mas as taxas de natalidade permanecem ainda elevadas. Os países centrais clássicos do capitalismo e aqueles países capitalistas de elevado desenvolvimento tiveram sua experiência nesta fase de forma lenta e com um contingente populacional menor. Já os países alguns semiperiféricos (com o Brasil, México e Argentina) e periféricos tiveram a sua transição iniciada na segunda metade do século XX, de forma acelerada e com um contingente populacional maior. Isso levou a alardes demográficos que rotularam esta fase de explosão demográfica. É justamente nesta fase que as teorias neomalthusianos (e a sua variante eco malthusiana) ganham força. Os neomalthusianos pregam o controle de natalidade como forma de diminuir o crescimento populacional dos países considerados subdesenvolvidos. Este elevado crescimento seria o responsável pela pobreza e gerados de instabilidades internacionais por conta de migração.

Aqui teremos uma população jovem muito numerosa por conta da elevada natalidade e uma população idosa ainda muito pequena por conta do ainda incipiente nível de desenvolvimento. Veja as pirâmides etárias do Brasil de 1950 e 1970. Eles mostram o Brasil na segunda fase da transição demográfica.




A segunda fase da transição passa ocorrer quando os países, na esteira de suas modernizações econômicas capitalistas, passam a tornarem-se predominantemente urbanos. Assim, o número de filhos que cada mulher em idade reprodutiva (entre 15 e 49 anos no Brasil) irá ter, isto é, a taxa de fecundidade, tenderá a cair. No campo existe uma necessidade mais braços para a lavoura familiar e o custo de vida é mais baixo. Na cidade não, para quase tudo precisa gastar: transporte, alimentos, roupas, diversão, etc. Nas cidades existe um maior acesso à informação e aos meios de prevenção de gravidez. Tudo isso faz com que as famílias façam um planejamento em relação aos filhos que podem ter. Além disso, as mulheres buscam maior independência: querem estudar e trabalhar. Assim passam a pensar em ter filhos cada vez mais tarde. Então, nesta fase agora quem irá cair são as taxas de natalidade. Este processo deslegitimou todo o discurso alarmista neomalthusiano.

O Brasil está concluindo (aceleradamente) a sua transição demográfica com taxas de fecundidade que chegam ao chamado nível de reposição: 2 filhos por mulher entre 15 e 49 anos. Com esta taxa a população tende a se estabilizar, pois se cada casal (2 pessoas) para a ter dois filhos (apenas 2 pessoas), eles estão apenas repondo a si mesmos.




Mas como nesta segunda fase o nível de vida geral passa a ser cada vez melhor, a expectativa de vida da população é cada vez maior. Assim, o contingente populacional de pessoas com mais de 60 anos (idosos) será cada vez maior. Isso gera preocupações do Estado com aposentadorias e atendimento médico a esta população.

Então veja a pirâmide demográfica do Brasil em 2000 quando está próximo de iniciar a finalização da segunda fase da transição demográfica. Uma base (população jovem) diminuindo percentualmente e uma população idosa elevando a sua participação. 





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quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Questão 68 (UFRGS/2012)


Resposta: B

Esta questão mostra principalmente as diferenciações espaciais do Brasil no quesito desenvolvimento.

Primeiramente, nós já abordamos na primeira questão que desenvolvimento não se restringe à riqueza material de um determinado território administrativo (município, estado, país ou até mesmo regiões administrativas). Desenvolvimento depende sim da capacidade que esta riqueza tem em proporcionar uma vida digna, confortável e ambientalmente sustentável à população e ao ambiente em geral.

Em segundo lugar, precisamos ter em mente que o processo de evolução do capitalismo brasileiro gerou enormes disparidades regionais e intra-regionais. Sabemos que o desenvolvimento industrial concentrou-se fundamentalmente na região Sudeste, fundamentalmente no eixo Rio-São Paulo e arredores. Alguns pontos integrados da região Sul e a cidades litorâneas do Nordeste também possuem determinado nível de industrialização.

Sabemos que a região Nordeste, desde os tempos coloniais apresenta uma série de problemas sociais não resolvidos. A elevada concentração de renda, derivada dos baixos salários e da concentração de terras, tende a gerar enormes contingentes de pobreza e tudo que dela deriva: elevas taxas de mortalidade infantil, analfabetismo, etc. Não é à toa, por exemplo, que a maior incidência de famílias (em termos percentuais) que necessitam de programas emergenciais assistencialistas (como o Bolsa Família, por exemplo) está nos estados do Nordeste.




Então, o estado D é provavelmente da região Nordeste. E deve ser um estado de pequenas dimensões já que a população é de apenas 3 milhões de habitantes.

OBS: o fato de a sua população ser pequena não significa que o tamanho territorial do estado também é pequena. Mas como a região nordeste possui uma ocupação que remota ao século XVI ela possui elevadas densidades demográficas principalmente na sua região de faixa litorânea, o que nos faz crer que um estado que possui somente 3 milhões de habitantes tenha tamanho territorial reduzido.

Devemos também nos ater ao fato do número absoluto de população já que todos os demais estados apresentam os demais dados similares. O estado mais populoso do Brasil é São Paulo, com mais de 40 milhões de habitantes. O que nos faz crer que São Paulo é letra B. Logo, o estado nordestino da letra D só pode ser Alagoas. Então a letra da resposta final está entre B e D.

Resta saber então, se o estado da letra A é Minas ou Paraná. Pelo tamanho da população só pode ser um estado da região sudeste. O Paraná, assim como o Rio Grande do Sul, possui uma população ao redor de 10 milhões de habitantes. Então é Minas, o segundo maior estado em contingente populacional. É uma situação que se arrasta deste os tempos coloniais. É bom lembrar que na época da República do café-com-leite, a dobradinha política com São Paulo era feita com Minas Gerais, o estado mais populoso de então, o que, evidenciava o poderio do seu colégio eleitoral.


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