sábado, 28 de janeiro de 2012

Questão 67 (UFRGS/2012)



Resposta: E

Esta questão pode ser realizada utilizando a lógica aliada a alguns conhecimentos básicos da geografia econômica brasileira.

Sabemos que o processo de modernização econômica do capitalismo brasileiro iniciado no século XIX e sustentado de forma robusta pela intervenção estatal na segunda metade do século XX foi excludente e concentrador. O capitalismo por si só é assim, mas o caso brasileiro acentuou demasiadamente estas características apesar de ter tornado o país um dos mais ricos do mundo.

A exclusão social é um fato tanto no campo como na cidade. Ela deriva do processo histórico brasileiro onde as elites mantiveram firmes os seus instrumentos de poder e dominação e optaram por concentrar a renda ao invés de distribuí-la. Sendo assim, a cidades se modernizaram com as indústrias pagando salários baixos; o campo de modernizou sem tornar o acesso à terra um direito efetivo ao não realizar a reforma agrária; a questão tributária também tem sido perversa na medida em que a maior parcela de impostos incide proporcionalmente sobre as pessoas mais pobres.

Mas nesta questão devemos nos ater mais àquelas características concentradoras do capitalismo brasileiro. Sabemos que a maior parte dos estabelecimentos industriais e agroindustriais estão concentrados nas regiões Sudeste em primeiro lugar, Sul e sul do Centro-Oeste configurando o que Milton Santos denomina de Região Concentrada.



Quanto aos assentamentos rurais podemos colocar que o mapa mostra o estado do Amazonas aquele onde é mais elevado o valor. Lá existe a predominância de uma floresta pluvial. Seria um tanto quanto inviável um número tão grande de assentamento lá, embora a maior parte dos assentamentos rurais no Brasil nos últimos 15 anos tenha se dado na região norte do Brasil.

O transporte área de carga não pode ser. Teria que se um mapa que representasse o fluxo (através de setas) de um estado ou região para outro estado ou região. Mesmo assim, o maior valor estaria dento da Região Concentrada.

Por exclusão, sobrou a letra E.

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Questão 66 (UFRGS/2012)


Resposta: A

Geada: a primeira lacuna.

1°) Geada, o que é? É um fenômeno da atmosfera que faz com que o vapor d’água, em condições térmicas abaixo de 0°C, solidifique em contato com alguma superfície (seja a folhagem de uma planta, a lataria ou os vidros de algum veículo, etc). A geada, assim como o orvalho, não é uma precipitação! Para que a temperatura chegue a um estágio negativo (abaixo de 0°C) é necessário que seja inverno e existam condições de céu limpo. Lembre-se que o céu nublado aumenta o poder do efeito estufa local. Essa condição pode ser satisfeita logo após a passagem de uma frente fria quando a massa de ar polar (mPa) empurrou a massa de ar tropical atlântica (mTa) para o norte.



2°) Aonde pode ocorrer geada no Brasil? Dadas as condições já colocadas, as regiões que podem ser afetadas pela geada são aqueles sob influência da mPa: a Região Sul principalmente e também o sul da Região Centro-oeste e a Região Sudeste. É ainda maior a chance de ocorrência de geadas nas áreas de maior altitude destas regiões.

3°) A geada e a agricultura. A geada afeta a produção agrícola gerando quebras de safra que, além de poder arruinar os agricultores, fazem o preço de determinado produto ter o seu preço inflacionado no mercado, justamente pela sua escassez. Um grande exemplo catastrófico foi a geada que atingiu o norte paranaense arruinando cafezais da região de Londrina e Maringá em 1975.

Seca: a segunda lacuna.

Na Região centro-oeste existe a predominância do clima tropical alternadamente seco (inverno) e úmido (verão) também chamado algumas vezes de clima tropical continental. Acompanhe na figura que segue com, no inverno, este clima pode apresentar um período seco. Isso está diretamente relacionado com a migração da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) que acompanha a "migração" do sol que no inverno está mais no hemisfério norte e no verão mais no hemisfério sul.





Inversão térmica: terceira lacuna.

4°) Inversão térmica, o que é? Trata-se de um fenômeno natural fruto de uma longa noite fria, condição satisfeita no inverno, principalmente após a passagem de uma frente fria. Como, durante a noite, a Terra somente perde radiação, ela irá esfriar e o ar frio, mais pesado, tenderá a se depositar próximo a superfície impedindo a circulação convectiva normal onde o ar aquecido (mais leve) sobe e ar resfriado (mais pesado) desce. Mas no caso da inversão térmica o ar resfriado já está por baixo e não há calor que possa lhe aquecer. Se não existir vento para misturar o ar, o que pode quebrar a camada de inversão térmica, esta irá se instalar.



5°) Aonde pode ocorrer a inversão térmica? Ocorre principalmente nos locais sob influência da massas de ar firas. Ao longo da manhã, com a incidência direta de insolação, a camada de inversão irá se dissipar e a circulação atmosférica normal tenderá a se estabelecer novamente. Porto Alegre já apresentou nevoeiro em alguns de seus bairros até um horário próximo ao meio-dia, fruto de uma inversão térmica prolongada no inverno. Até mesmo a cidade de Rondônia, na região Norte, apresentou a ocorrência de inversão térmica.

6°) A inversão térmica é poluente? Em regiões industrializadas e com elevado número de automóveis circulando pela manhã, onde o índice de poluição atmosférica é elevado, este efeito acaba por aprisionar a poluição junto às camadas mais inferior da troposfera. Um risco à saúde. Se a cidade for margeada por relevos montanhosos é pior: o ar poluído, além de aprisionado por cima também o fica pelas suas laterais. É o efeito tampão, comum na cidade de São Paulo. A inversão térmica em si é natural, ela apenas aprisiona os poluentes gerados pela sociedade.


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sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Questão 65 (Ufrgs/2012)



Resposta: D


Esta questão trata da identificação de um perfil de relevo, de acordo com a classificação de Jurandyr Ross, partindo de um corte no território brasileiro na região nordeste.

A classificação de Ross possui 3 grandes divisões: duas delas, planaltos e depressões, são áreas de predominância de agentes erosivos; já as planícies são áreas onde predomina a acumulação (também chamada de deposição ou sedimentação).

Cada grande divisão está especificada por números conforme mostra o mapa. E a denominação destas unidades guarda íntima relação com nomes locais (rios, oceanos, regiões, etc).





Como o corte se dá na região nordeste, temos:


  • Em A, um terreno sedimentar entre duas áreas mais elevas que são dois planaltos. Sabemos que uma das características mais marcantes do relevo brasileiro é a existência de depressões entre dois planaltos. São depressões relativas, pois estão acima do nível dos mares. Como esta depressão está no interior do nordeste, onde está o sertão, só pode ser a depressão sertaneja (e do São Francisco);
  • Em B, um terreno cristalino, isto é, de rochas pré-cambrianas de composição granítica que configuram o planalto da Borborema que separa o sertão (de clima mais árido) e a zona da mata no litoral (clima úmido).
  • Em C, temos uma planície. As planícies brasileiras ocorrem ou no litoral ou ao longo dos rios. Nesta caso, trata-se das planícies e tabuleiros costeiros.



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Questão 64 (Ufrgs/2012)



Resposta: B

Para resolver esta questão devermos ter em mente algumas coisas:

  • A vegetação possui ampla relação com os fatores climáticos bem como aqueles ligados à geologia e a geomorfologia de uma área. Por exemplo: climas quentes e úmidos favorecem biomas florestais como a floresta amazônica; solos ácidos como os existentes no nordeste do Rio Grande do Sul, mesmo estando em local úmido, não são bons para a formação de florestas fazendo com que predominem dos campos (Campos de Cima da Serra neste caso específico).
  • O que significam as palas floresta, ombrófila, densa, mista, paludosa e manguezal? Vamos ver isso agora na correção.


1 – Floresta Ombrófila Densa: nenhuma das descrições. Mas vamos entender um pouco mais:

1°) Floresta, o que é? São ambientes biológicos com predominância de formas de vida arbóreas. As árvores são uma forma de vida vegetal lenhosa com alturas superiores a 20 metros. Plantas lenhosas são aquelas que possuem um tecido de madeira (que muitas vezes vira a popular lenha) para sustentar os seus caules. Mas nas florestas não existem apenas árvores, existem outras espécies de vegetais.




Outros grupos de espécies de vegetais são os arbustivos e herbáceos, Veja o quadro comparativo e simplificado da Revista Brasil Escola:


2°) Floresta Ombrófila, o que é? É uma floresta adaptada aos ambientes que apresenta climas úmidos. Então ombrófila significa, em grego, "amigo da chuva". Antes se utilizava a expressão floresta pluvial, um termo de origem latina, que remete a precipitação na forma de chuva. Vejamos a correspondência das áreas de elevada precipitação no Brasil e os biomas brasileiros com florestas ombrófilas:



3°) Floresta Ombrófila Densa, o que é? É uma floresta ombrófila que apresenta uma elevada densidade de espécies vegetais por unidade de área sendo as espécies florestais aquelas mais importantes e visíveis.
Tal ambiente somente poderá existir em climas úmidos (com no máximo 60 dias secos em todo o ano) e de temperatura elevadas (médias anuais ao redor de 25°C ou mais). Sob estas condições é possível a formação de ambientes florestais de elevada biomassa e biodiversidade como de fato são as florestas amazônica e a de mata atlântica no Brasil. As árvores podem chegar à atingir 60 metros.




Estes ambientes florestais são caracterizados por seres latifólios perenifólios. O fato de ser latifólia significa que ela possui folhas grandes (do latim latus = grande, largo) para que a planta possa liberar as grandes quantidades de água que ela ingeriu de maneira mais eficaz e isso ela faz pela folha. Caso o clima fosse árido a tendência é que as folhas sejam transformadas em agulhas (acicufolias) para reduzir ao máximo a transpiração e, consequentemente, reter a água adquirida no curtíssimo período de chuvas. Já o fato de a folha latifólia ser perene significa que ela se mantém na árvore verdejante, sem cair, durante todo o ano, por vários anos. Se o contrário fosse, não seria perenifólia e sim decidual (também chamada de caduca ou caducifólia), onde durante os períodos secos as árvores, para reter a umidade adquirida, ao invés de manter as suas folhas (o que iria gerar perda de umidade por transpiração), livram-se delas. Logo, as suas folhas descem ao chão ou caem.

OBS: quando estudamos os principais biomas brasileiros, a mata atlântica é considerada um dos seus biomas, mas no seu sentido abrangente (latu sensu). Sendo assim, praticamente todas as espécies florestais ombrófilas (densas, mistas ou abertas) e outras formas vegetais não florestais que habitam a costa do Brasil, do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, são incluídas no bioma mata atlântica. Mas, no sentido estrito do termo (strictu sensu), mata atlântica mesmo é somente a floresta ombrófila densa. Então, de acordo com Decreto Lei 750/93, o Domínio da Mata Atlântica, é definido como:

"O espaço que contém aspectos fitogeográficos e botânicos que tenham influência das condições climatológicas peculiares do mar (Joly/70) incluindo as áreas associadas delimitadas segundo o Mapa de Vegetação do Brasil (IBGE,1993) que inclui as Florestas Ombrófila Densa, Floresta Ombrófila Mista, Floresta Ombrófila Aberta, Floresta Estacional Semidecidual e Floresta Estacional Decidual, manguezais, restingas e campos de altitude associados, brejos interioranos e encraves florestais da Região Nordeste". (in: http://www.rbma.org.br/anuario/mata_02_dma.asp)



Se quem fornece as condições climáticas para a existência da mata atlântica é o mar, a grande fonte de umidade para este bioma e por onde corre a corrente marítima superficial quente do Brasil, logo sabemos que a mata atlântica só pode ter condições de existência quando os atuais continentes da América do Sul e África, no contexto de fragmentação do Pangea, iniciaram a separação.

2 – Floresta Ombrófila Mista: a segunda descrição.

4°) Floresta Ombrófila Mista, o que é? Trata-se de uma floresta onde, no Brasil, predomina a Araucária angustifólia, mais conhecida como pinheiro-do-paraná por ser endêmica da região sul do Brasil. É comum que seja chamada também de mata de pinhais. Faz parte do bioma mata atlântica latu sensu.
A araucária está classificada, de acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN), como estando em Perigo Crítico de Extinção por conta de sua intensa devastação quando do início do processo de colonização ítalo-germânica no sul do Brasil e a posterior disseminação dos descentes destes colonos pela região.

O núcleo de existência desta espécie situa-se entre 500 e 1500 metros de altitude em solos férteis dos planaltos e chapadas da bacia do Paraná (ou planalto meridional), região geomorfológica dos derrames fissurais basálticos à cerca de 140 M.a. O próprio nome da capital do estado do Paraná, Curitiba, faz menção ás araucária já que a palavra  curi, em tupi, guarda o seu significado ligado à palavra árvore. Mas também existem refúgios desta espécie nas Serras do Mar e Mantiqueira.




Esta região é caracterizada climaticamente pela predominância do clima subtropical (classificação de Strahler) ou Cfb (classificação de Köppen) que apresente médias pluviométricas consideráveis e bem distribuídas por conta das constantes passagens de massas de ar tropicais e polares formando as frentes. Por este motivo o nome Floresta Pluvial de Araucária também é usual.

A araucária é acicufolia e perene (conceitos já citados no texto). Além disso, não suporta ficar excluída da luz direta do sol pelo sombreamento, ou seja, é heliófita (do grego hélio = sol); e, a julgar pela sua copa na forma de candelabro adquirida após a juventude que facilita a dispersão do pólen pelo vento quando da etapa de reprodução, é anemófila (do grego anemos = vento).

Outra coisa muito conhecida dos sulinos e que está presente em sua culinária é o pinhão, que biologicamente é a semente desta espécie de gimnoesperma (do grego Gymnos = nu; e sperma = semente), quer dizer, sementes são ficam encerradas em frutos.

Mas estas coníferas (assim chamadas por possuírem a forma de cone quando jovens) ao contrário daquelas existentes na Europa e no Canadá, não possuem uma ocorrência tão homogênea. Ao contrário: ocorrem muitas vezes em meio as vegetações de campos onde muitas vezes presente está a Ilex paraguarienses (árvore cuja folha origina a erva do nosso chimarrão). E mesmo dentro destas florestas, onde parece ocorrer apenas a espécie angustifólia (que são a maiores), por debaixo de suas copas outras espécies menores estão presentes.





E, para descontrair, uma musiquinha:



3 – Floresta Paludosa: primeira descrição.

5°) Floresta Paludosa, o que é? É uma floresta aberta de árvores mais baixas (em média 8-10 metros) e uma área inundada, de circulação lenta, com elevado contingente de matéria-orgânica. Também é camada de mata de breho





4 – Manguezal: terceira descrição.

6°) Manguezal, o que? Os manguezais são ecossistemas de elevada complexidade típicos de regiões tropicais que estão em áreas costeiras sob feições geográficas onde existe sob a mútua influência das águas continentais e das águas salgados do mar (desembocadura de rios, baías, enseadas). Por isso os vegetais dos mangues são considerados halófitos, isto é, adaptados a salinidade da água marinha que chega com as marés. Nestas áreas formam-se solos salgados, com muito lodo e nutrientes, porém pobre em oxigênio, mas que atrai peixes e o caranguejo.





Bibliografia:

SONEGO, Rubia Cristina; BACKES, Albano e SOUZA, Alexandre F. Descrição da estrutura de uma Floresta Ombrófila Mista, RS, Brasil, utilizando estimadores não-paramétricos de riqueza e rarefação de amostras. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/abb/v21n4/a19v21n4.pdf.
http://www.rbma.org.br/default_02.asp


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terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Questão 63 (UFRGS/2012)


Resposta: C


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Questão 62 (UFRGS/2012)


Resposta: E


O país Moçambique, que foi colônia portuguesa até a década de 1970,e está situado na costa africana do oceano Índico. Mas independente disso, o Sol, por conta do movimento de rotação terrestre, sempre no sentido oeste-leste, faz parecer que os astros no céu, incluindo o Sol (a estrela do nosso sistema chamado de sistema solar), se movimentem de leste (onde eles surgem no horizonte, isto é, nascem), passam pelo meridiano onde está situada a nossa cidade (próximo do meio-dia) onde então o Sol adquire a sua máxima altura no céu, para rumar para o oeste onde ele irá sumir.


Como Maputo está no hemisfério sul, o Sol no horário próximo ao meio-dia estará sempre voltado para a face norte de qualquer residência.



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Questão 61 (UFRGS/2012)



Resposta: A


Esta questão trata da identificação da bacia hidrog ao seu entorno que será continuamente preenchida por sedimentos oriundos da erosão das rochas situadas nas partes mais elevadas do entorno.



A bacia hidrográfica do Prata, tem esse nome devido ao processo histórico de ocupação territorial exercidos pelos colonizadores. Pelos rios Paraguai e Paraná principalmente escoavam importantes levas de metais-preciosos, sobretudo prata das minas andinas de Potosí (atual Bolívia). Dai o nome desta bacia e também dai o nome do país Argentina já que argentum em latim é prata.



Trata-se da a segunda maior da América do Sul (atrás somente da Bacia Amazônica, a maior do mundo). É nela que está situada o coração econômico do MERCOSUL: a economia do centro-sul do Brasil, onde está a maior parte dos PIB's industrial, agropecuário e de serviços (o que Milton Santos denomina de região concentrada), o norte da Argentina incluindo a capital Buenos Aires e Córdoba, além da maior parte do Uruguai (inclusive a capital Montevidéu), a parte sul da Bolívia e de todo o Paraguai.

A sub-bacia mais importante da Bacia do Prata é a do rio Paraná (B). Mas atenção: o Brasil também possui a bacia sedimentar do Paraná! Não confunda! Na Bacia hidrográfica do Paraná é que está instalado o maior potencial de geração de energia hidrelétrico do Brasil, justamento por estar mais próximo aos grandes centros urbano-industriais do Brasil. É ali que está situada, no limite do estado do Paraná com o Paraguai, a hidrelétrica binacional de Itaipu que, principalmente após a eleição do esquerdista de Fernando Lugo para o cargo de presidente, tem sido foco de discussões importantes. O Brasil, pelo tratado de Itaipu, compra grande parte da metade paraguaia da energia gerada (a economia paraguaia não tem capacidade de uso de tanta energia) a baixo do preço de mercado. O Paraguai quer rever este acordo.

A questão de Itaipu tem raízes históricas que remontam as disputas geopolíticas entre Brasil e Argentina por zonas de influência na região. O Brasil, para se sobrepor à facilidade de integração entre Argentina e Paraguai gerada pelo rio Paraguai que fui para a foz do rio da Prata onde se situa Buenos Aires, implantou a rodovia transversal (sentido leste-oeste) BR-277 e a Ponte da Amizade (segunda foto) para ligar Assunção (capital do Paraguai) ao porto de Paranaguá (litoral do Paraná).







As outras duas sub-bacias são as do rio Uruguai (C) que delimita o Rio Grande do Sul ao norte e a oeste e o rio Paraguai (A).

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Questão 60 (UFRGS/2012)


Resposta: D

O vulcão Puyehue (fotos que seguem), parte de um complexo vulcânico, está situado na porção sul cordilheira dos andes (latitude próxima aos 40°S) que é um estrutura geológica conhecida como orogênese (oros = montanha; gênese = origem) do tipo dobramento moderno (moderno por ter surgido na era geológica mais recente, o Cenozóico, onde ceno significa recente). Os vulcões chilenos são parte constituinte do chamado Círculo do Fogo do Pacífico.





A cordilheira dos Andes é formada pelo choque de duas placas tectônicas: a placa oceânica de Nazca e a porção continental da placa sul-americana. Neste choque, a placa de Nazca, mais densa, sofrerá subducção, isto é, irá submergir em direção ao manto até profundidades superiores a 500 km. Sendo assim a rocha da placa irá sofrer fusão devido o aumento de temperatura, o que lhe transformará em um magma que irá buscar chegar à superfície terrestre como vulcão.



A erupção gerou milhares de tremores de pequena intensidade, isto é, pequeno terremotos.

A região do vulcão é importante por ser um bom foco de geração de energia geotérmica, isto é, a energia gerada a partir do calor da Terra. Importantes áreas de intenso calor próximo a superfície podem ser encontrados próximos a zonas de atividade vulcânica. Estima-se que o potencial geotérmico chileno, em estudos preliminares, é de 16 mil megawatts (a hidrelétrica binacional de Itaipu produz 14 mil MW).



A primeira afirmação é verdadeira. As cinzas vulcânicas geradas pelo vulcão chileno, à 600 km ao sul da capital Santiago, ao atingirem a atmosfera irão ter a sua trajetória regulada pelo regime de ventos. Na região onde o vulcão está situado irão atuar os ventos relacionados ao choque de massas de ar tropicais e polares, as chamadas frentes frias que, movendo-se no sentido sul-norte irão atingir o norte da Argentina, o Uruguai e as porções meridionais brasileiras.
Os sistemas de ventos também fizeram com que as cinzas vulcânicas atingissem a Nova Zelândia e a Austrália.



A segunda afirmação é falsa. A cordilheira andina, onde se situa o vulcão em questão, é recente, por isso considerada um dobramento moderno, que continua em formação, originária na Era geológica Cenozóica (até 65 milhões de ano atrás). O segmento de tempo mais antigo é são as Eras dos Éons (maior divisão temporal geológica) do Pré-cambriano, situado entre o início da formação da Terra (4,5 bilhões de anos) até 0,54 bilhões de anos atrás (ou 540 milhões de ano atrás). As rochas mais características desta idade são as rochas cristalinas (granito e gnaisse) e não as vulcânicas.



A terceira afirmação foi considerada verdadeira, mas apresenta erros. O dito vulcão, por estar em uma cadeia de montanhas recente, sofre sim atividade sísmica. A Terra do Fogo, uma região insular (ilhas) situada na extremidade sul do continente que está na cordilheira andina, também conta com a possibilidade de atividades sísmicas intensas. Mas, o vulcão Puyehue não está na Terra do Fogo.



Observação: atividades sísmicas não ocorrem somente onde existe contato entre placas tectônicas. Elas também acontecem em regiões no interior de placas. Todas as placas tectônicas apresenta falhas geológicas originárias da sua etapa de formação (choques de placas menores que deixaram as suas cicatrizes, as falhas). Entre estas falhas também existe atrito. Na zona de atrito existe um acúmulo de energia que algum dia poderá ser liberada através de ondas sísmicas que irão propagarem-se em todas as direções.


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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Questão 59 (UFRGS/2012)


Resposta: C

A primeira afirmação é verdadeira. Ela pode ser intuída na medida em que o Brasil e Argentina, respectivamente os primeiro e segundo lugar em termos de tamanho de economia e de território, são membros do MERCOSUL. A ALBA (Alternativa Bolivariana para as Américas) inclui somente países de expressão econômica menor e de pequeno ou médio porte territorial (Venezuela e Cuba, os mentores, Bolívia, Equador, Nicarágua e as ilhas caribenhas de Dominica, São Vicente e Granadinas e Antígua e Barbuda). A Comunidade Andina das Nações (CAN, mais conhecida como Pacto Andino, como foi chamado até 1996) surgida pelo acordo de Cartagena (1969) é um bloco econômico supranacional muito similar ao MERCOSUL, ou seja, uma união aduaneira incompleta. Inclui todos os países andinos exceto Chile (membro associado) e Venezuela que deixou o bloco em 2006 por entender que determinados acordos assinados com os EUA teriam deteriorado as aspirações do bloco. Existe ainda a união entre o MERCOSUL e o Pacto Andino, mais conhecido como UNASUL (União das Nações Sul-Americanas) é integrado pelos 12 países da América do Sul (exceto Guiana Francesa, um território pertencente à França). Suas sedes são Quito, no Equador (sede do secretariado, órgão executivo); Cochabamba, na Bolívia (sede do Parlamento); e Caracas, na Venezuela (sede do Banco do Sul).




A segunda afirmação também é verdadeira conforme foi colocado na explicação da primeira afirmativa.

A terceira afirmação é falsa. Até a confecção da prova, somente Chile e Peru tinham tratados de livre comércio com os Estados Unidos. A Colômbia, embora tenha assinado um TLC com os EUA em 2006, somente em outubro de 2011 o congresso estadunidense aprovou o acordo. Até então existia tinha o Plano Colômbia (iniciado em 1998) que inicialmente teve uma atuação no sentido do fomento da discussão com os movimentos paramilitares de direta e esquerda (FARC-EP, Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo; e a ELN, Exército Para a Libertação Nacional da Colômbia). O EUA aderiu ao plano com as verbas que a Colômbia disse necessitar, mas para isso, a estratégia deveria ser mais repressiva e a “ajuda” estaria condicionada à um pacote econômico que previa entre outras coisas a privatização e de tomada de empréstimos a determinados bancos indicados pelos EUA (RIPPEL, 2004:3). A Colômbia atualmente é o grande aliado geopolítico dos Estados Unidos na América do Sul. É através deste país que o Estados Unidos tem se projetado para desestabilizar a região que conta com governos que buscam fazer frente ao imperialismo dos EUA na região.






Agora vamos aproveitar para aprofundar os conhecimentos sobre o MERCOSUL.

A origem do MERCOSUL está ligada à busca de uma saída defensiva frente ao processo de globalização tendo o Brasil e a Argentina os seus grandes idealizadores. Ambos os países, na esteira do processo de redemocratização burguesa (após anos de ditadura civil-militar), buscaram firmar acordos de cooperação econômica. Eis que surge, nos governos José Sarney e Raul Alfonsín, a Declaração do Iguaçu (1985), que constitui o embrião do atual bloco econômico.

Em 1991 foi assinado o Acordo ou Tratado de Assunção que incorpora Paraguai e Uruguai naquilo que passaria a ser o MERCOSUL. Mas neste contexto, como destaca Samuel Pinheiro Guimarães, o bloco passa a ser visto pelos presidentes de Argentina (Carlos Menem) e de Brasil (Collor) como um mero acordo de abertura comercial dos países. É a década onde as políticas econômicas de linha neoliberal ingressaram de maneira mais robusta na América do Sul além de um alinhamento geopolítico mais estrito com os Estados Unidos (ALEXANDRE e LEITE, 2007:15).

Em 1994 houve a assinatura do Protocolo de Ouro Preto que transformou o bloco em uma instituição internacional dotada de personalidade jurídica, isto é, o MERCOSUL é aceito como uma entidade supranacional que pode negociar com outros países ou organismos internacionais. Por este motivo, o MERCOSUL pôde fazer acordos comerciais com Israel (2007) e Egito (2010).

O MERCOSUL é um bloco supranacional em estágio de união aduaneira, porém incompleta na medida em que existem exceções para a livre circulação de determinados bens e serviços, a Tarifa Externa Comum não é total (não engloba tosos os produtos e serviços) e nem uniforme e, além disso, conta com frequentes modificações. A Tarifa Externa Comum (TEC, em vigor deste 1995): estabelece uma porcentagem de impostos que irão incidir sobre produtos importados de países fora do bloco. Isso estimula o desvio comercial, isto é, um redirecionamento dos países membros em termos de comércio: passam a comercializar mais entre si do que com outros países.

Outra grande característica desde bloco são as suas assimetrias: o Brasil é de longe o país mais forte economicamente. Possui o maior PIB, o maior mercado interno, mais recursos naturais e mais recursos econômicos. A Argentina segue um segundo lugar, mas de longe. Depois existem os anões econômicos Uruguai e Paraguai. Neste último país as condições sociais são muito mais duras. Visando reduzir tais desigualdades criou-se o Fundo Para Convergência Estrutural. É uma espécie de banco de doações para fomento das economias onde o país receptor deve estrar com 15% do capital a ser aplicado. A maior parte dos recursos vem dos países mais fortes (Brasil contribui com 70%) e os mais necessitados são os que mais recebem (Paraguai recém 48% e Uruguai 37%).

Criado em 2005 (com sua primeira sessão em 2007), o PARLASUL (Parlamento do MERCOSUL), sediado em Montevidéu, conta com 90 membros, 18 para cada país-membro.

Em termos de migração, existe a Área de Livre Residência com direito ao trabalho. É uma iniciativa que visa facilitar a migração intra-bloco e que já existe e é muito forte, principalmente entre as populações que moram nas regiões de fronteira a exemplo das migrações diárias entre populações de cidades-gêmeas como Rivera (URU) e Santana do Livramento (BRA).


Os membros permanentes do MERCOSUL atualmente são: Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela. Este último país ainda precisa ser aprovado para ter sua participação permanente ratificada através da assinatura do Protocolo de Adesão pelo congresso nacional paraguaio (os demais países membros já assinaram).





Existem também os membros associados, o que configura o MERCOSUL como uma forma aberta de bloco.  Tal categoria visa estimular trocas com outros países. São eles: Bolívia e Chile (1996), Peru (2003) e Colômbia e Equador (2004). Esta categoria se efetiva pela criação dos Acordos de Complementação Econômica que fixa as metas para a criação de uma zona de livre comércio bilateral, isto é, entre o membro associado e o MERCOSUL.

Há ainda a categoria de membro observador. Atualmente está preenchida pelo México. A função deste membro é fiscalizar as relações internacionais dos países membros do bloco e opinar em caso de alguma dúvida ou conflito.

A posição brasileira nos anos de governo LULA foi de uma maior flexibilização frente aos seus parceiros comercias, numa tentativa de dar sim destaque à integração regional com os países da América do Sul na sua política externa. Exemplo disso foi a criação do Mecanismo de Adaptação Competitiva (MAC) que permite que um país que se sinta prejudicado em algum setor comercial adota salvaguardas (uma espécie de protecionismo econômico) para poder se fortalecer reduzindo os desequilíbrios. Parece contraditório que este acordo existe em bloco econômico, mas foi uma estratégia para aproximar-se politicamente de seus vizinhos, principalmente da Argentina que estava queixosa de seus constantes déficits comercias.

Quanto ao Paraguai e ao Uruguai, o Brasil teve que reagir frente a aproximação destes dois países com os Estados Unidos. A criação do FCE com o princípio de que aqueles que menos possuem em termos de riqueza, serão aqueles que menos deverão contribuir e os que mais irão receber recursos.

É interessante notar que o MERCOSUL não é interessante ao imperialismo estadunidense que busca, ainda mais em tempos de crise, acordos comerciais bilaterais com os países daquilo que pretensamente entendem como o seu “quintal”: a América Latina. Conforme o conteúdo de telegrama divulgado pelo Wikileaks, os EUA tratam o MERCOSUL como um “organismo antinorte-americano” (GRANOVSKY, 2011).

Bibliografia

ALEXANDRE, Cristina V. M; LEITE, Iara Costa. O Primeiro Governo Lula e o Mercosul: iniciativas intra e extra-regionais. Revista de economia heterodoxa, n°7, ano VI, 2007.
GRANOVSKY, Martín. Matéria da revista Carta Maior, de 7.03.2011.
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